História do amigo botonista Cláudio Bertoni.

Todos nós tivemos peculiaridades com o futebol de botão, desde regras a recursos visuais como as placas de publicidade improvisadas na beira dos campinhos futebol de mesa, no meu caso, a minha palheta preferida fazia parte de um kit de mamadeiras de algum primo meu a qual não me recordo exatamente quem, nesse post, o destaque vai para a história botonista do nosso amigo Cláudio Bertoni (e seu longo campeonato, muito legal), onde fala de suas regras e da criatividade que usou ao longo de sua história com o futmesa, desde já quero agradecer por ter autorizado a publicação de seu relato em nossa página, muito obrigado!  Abaixo, o texto na íntegra sem mudanças:

Fita K-7 gravada que já substituia o relógio
"Queridos botonistas, comecei em 1962, fazia no assoalho a copa do Chile com botões canoinha, coloquei escalações, crie uniformes, os jogos eram narrados em padrão raiofônico, incluindo uma interferencia atmosférica de nome “estática” comum às transmissões da época… imitávamos esse tal chiado tirando um som da garganta junto com a narrativa… Em lances de maior emoção entrava o “reporter de campo” ( o outro técnico ) para a confirmação da jogada… Ao final da partida, acreditem, botões até eram entrevistados pelo suposto reporter, perguntas e respostas eram sempre muito engraçadas e rachávamos o bico. A loucura prosseguiu até 1969, já adotando os botões “Onze de Ouro” ( Jofer )… eu saia excurcionando pelo bairro com o time campeão de cada temporada e ía incorporando as novidades em regras que surgiam por toda a cidade, lembro que aqui em Sampa foi realmente uma febre e descobrí que muita gente adotava o dadinho de 7mm como bolinha… Hoje o dadinho é mais usado no Rio com um tamanho pouco mais reduzido. Não gosto muito da bolinha redonda porque requer um toque muito sutil prendendo muito o foco do jogo para ela e acaba tirando um pouco o brilho do jogo. O Dadinho nos dá o “time” certinho do jogo, traz o balanço do futebol real, ajuda no imaginário dos
passes e chutes, lançamentos em curva, dribles e fintas curtas, chutes com efeito, de rosca, sentimos quando pegamos bem na bola, cheio de artimanhas as vezes fica rodopiando após uma rebatida ou dividida alem de emitir seu som característico, enquanto as redondas são mudas, sem uma parada precisa e costumam escorrer pelos desníveis existentes nas mesas. Tudo bem cada um pode jogar com a bolinha preferida, para isso temos realmente um jogo democrático e criativo. Em meados de 1970… subí para as mesas, fazia meus estádios. Após pesquisar muito as regras fui inventando: Goleiro que encaixa a bolinha, escanteio congelado, bola presa, cartões amarelos e vermelhos, contusões, impedimento, bicicleta, barreira opcional para as faltas, juiz eletrônico (fita K-7 gravada que já substituia o relógio). Jogando até hoje do meu jeito e sem nenhum tipo de divulgação estou agora com um campeonato brasileiro em aberto desde 2003, faltam 6 rodadas e está sendo liderado pelo Atlético PR, vai entrar para o livro dos recordes como o campeonato de botão mais longo, talvez, de todos os tempos… Construí o estádio Fiori Gigliotti e muitos amigos elogiam como uma mesa excepcional, algo fora do comum. De vez em quando jogo com algum botonista perdido por aí, sempre tentando “puxar” o meu vigésimo brasileirão “interminável” ! Abraços a todos os botonistas !"

Cláudio Bertoni

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